quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Resenha Joss Stone # HSBC Hall - São Paulo

Dessa vez menos frio e mais chuva, mais um disco e dezessete meses depois de seu primeiro show em terras brasileiras, Joss Stone traz novamente seu soul ao país do samba. Agora, na turnê do tão aguardado "Colour Me Free", o quarto disco de sua carreira.
A abertura ficou por conta de Ana Cañas, aquela da vinheta à lá cinema mudo da MTV. Não conhecia seu trabalho mas posso dizer que me cativou, assim como grande parte da platéia, diferente de Jairzinho Oliveira ano passado. Som agradável, boa banda - especialmente o baixista, que usava uma camiseta do Led Zeppelin, show dinâmico, a moça tem personalidade e vestia uma blusa com o rosto de Kurt Cobain estampado. Teria eu ficado mais fascinado pelas camisetas?

Em seu pedestal não havia o véu, como de costume, mas uma bandeira do Brasil, que ela teria ganho de fãs na apresentação do Rio de Janeiro, na noite anterior. Chegada a hora, a banda de Joss dá as primeiras notas, ditando assim o clima inicial do show. Como "Colour Me Free" havia sido lançado há apenas algumas semanas, "Super Duper Love" embala o o começo da noite, na sequência, "Could Have Been You", "Lady" e "Parallel Lines", músicas de seu último trabalho. Joss Stone estava em perfeita forma, sorrindo com os olhos, tomando esporadicamente chá no fundo do palco e, lógico, cantando maravilhosamente bem, só que dessa vez com uma qualidade de som dezessete vezes melhor que sua outra apresentação em São Paulo.
Acredito não ter sido o único a sentir falta das músicas de "Mind, Body and Soul", nem mesmo hits como "You Had Me" e "Right to Be Wrong" foram executados. Os pontos altos do show ficaram por conta de "Baby Baby Baby", "Girlfriend On Demand", "Free Me" - que mesmo sendo uma música rescente foi cantada em coro pela platéia deixando Joss impressionada, "Chokin' Kind" - com seu início arrepiante mesmo quando interrompido diversas vezes por fãs histéricos; até mesmo "Dirty Man" - que não estava no set e teve um trecho cantado a capela a pedido de uma fã, e para fechar a noite, o já clássico encerramento em que Joss canta "No Woman No Cry" de Bob Marley e distribui flores ao público.
Além de flores, Joss Stone distribuiu carisma, sorrisos e talento em grandes doses, se envolveu diversas vezes na bandeira do Brasil de seu pedestal e fez com que noventa minutos mais parecessem nove. Qualidades e poderes de uma verdadeira diva.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Resenha AC/DC "Black Ice Tour" # Estádio do Morumbi



Há alguns anos citei shows que precisava assistir antes de morrer. AC/DC era um dos primeiros da lista. A idéia de assistí-los era tão surreal que a minha ficha caiu apenas na sexta-feira passada, dia do show. Deixando o egoísmo de lado, vamos ao que interessa.
As luzes se apagam e os chifres luminosos vendidos por ambulantes ao redor do estádio entram em contraste com a escuridão. Quebrando o breu, o vídeo introdutório de "Rock N' Roll Train" dá início ao show e a invasão de uma locomotiva de 16 toneladas no palco faz a ponte pros primeiros acordes de Angus Young.
Admiro bandas que a cada trabalho têm uma sonoridade diferente mas mantém a essência, mas creio que seguir a mesma linha do primeiro ao último disco - ainda mais quando são 15 - e manter a qualidade seja uma tarefa mais árdua. O AC/DC é assim, então, mesmo com as quatro músicas do "Black Ice" posso afirmar que foi um show só de clássicos. Foi uma apresentação intensa e os pontos altos foram marcados pela participação do público, já que a banda estava impecável. Isso sem contar a estrutura de palco.

Em "Rock N' Roll Train" Brian Johnson puxava o refrão da garganta do público, "Back in Black" fez aquele que ainda não havia saído do chão pular que nem criança, a introdução de "Thunderstruck" fez com que o grito do roqueiro mais distante do palco fosse ouvido, as badaladas do sino de "Hells Bells" quebrando o silêncio fez arrepiar os pelos de todo e qualquer ser vivo que estava no raio em que elas pudessem ser ouvidas, e o final bombardeador com "You Shook Me All Night Long", "T.N.T.", "Whole Lotta Rosie" - com direito a boneca inflável montada na locomotiva e batendo o pé no ritmo da música - "Let There Be Rock" - com o show a parte de Angus - "Highway to Hell" e "For Those About to Rock" acompanhada de seus canhões. Para fechar essa grande festa de rock n' roll com chave de ouro, o céu foi iluminado com dezenas de fogos de artifício. Sendo isso uma crítica, aí vai a parte negativa: o fim da cerveja depois do show. E olhe lá.

Angus Young não dirigiu nenhuma palavra ao público, fez um ou outro backing vocal e vez ou outra instigava as pessoas a gritarem "hey" no ritmo da música, ele simplesmente subiu ao palco, debulhou sua SG, fez com que todos ficassem boquiabertos e foi embora. Há momentos que palavras não são suficientes e nem têm capacidade para transmitir certas mensagens ou sentimentos.

"No Bull", DVD da turnê de "Ballbreaker" em 96, é um dos melhores resgistros ao vivo de uma banda que eu já ví e o dia 27 de novembro de 2009 com certeza se concretizou como o dia de um dos melhores shows - se não o melhor - que eu tive oportunidade de presenciar. E tenho certeza que não fui o único.