Faltando seis minutos para a meia noite, horário que estava previsto o início do show, discretamente os Stooges sobem ao palco, sem qualquer cerimônia. Dado o primeiro acorde de "Raw Power", Iggy Pop entra no palco dançando e requebrando como sempre. Parecia mais ter 26 do que 62 anos. O público no início não correspondeu a energia vinda do palco, fiquei em dúvida se as pessoas não conheciam a música ou se simplesmente estavam paralizadas por verem Iggy e os Stooges. Prefiro acreditar na segunda opção.
Clássico atrás de clássico, Iggy and The Stooges comerçaram a instaurar o caos ao som de "Search And Destroy". Não satisfeito, um pouco mais tarde, Iggy convida o público a subir no palco para a execução de "Shake Appeal" - vide foto abaixo. Números não são o meu forte mas acredito que a quantidade de pessoas no palco tenha atingido os três algarismos. Sim, como em 2005, a sensação era de estar em 1969!

A festa só foi interrompida pela agressividade desnecessária dos seguranças do evento - digo pois este que vos escreve literalmente sentiu na pele - que estavam mais atentos às pessoas que estavam se divertindo do que aos trombadinhas que perambulavam pelo parque. Voltando à parte boa, mais clássicos, entre eles "1969", "I Wanna Be Your Dog" e até mesmo "The Passenger" e "Lust For Life". Uma música que desfalcou o set-list foi "No Fun", que foi gritada por várias vezes pelo público.
Iggy Pop não parou por um segundo, pulou por duas vezes na platéia, se contorceu no chão, andou de um lado para o outro com sua calça jeans de cintura baixa que gradativamente descia ainda mais conforme corria o show, provocou a todos, lançou seu pedestal em várias direções, tentou diversas vezes destruir o microfone. Se a apresentação de Iggy and The Stooges fosse reduzida a um adjetivo, seria esse: "Selvagem".
Além do fato de se presenciar uma lenda do rock em ação, as músicas - que são ainda mais fortes ao vivo, a banda - que foi uma das precursoras de uma vertente/movimento/estilo que gerou posteriormente outras vertentes/movimentos/estilos, o show em sí - que é tocado como se fosse o último da vida deles, um ingrediente em especial dá maior sabor aos Stooges: a espontaneidade. Nunca se sabe o que vai acontecer ou como tudo vai terminar. Assim como o baterista precisa saber os rudimentos para tocar o seu instrumento, é necessário que se conheça alguns nomes para se fazer rock, definitivamente um desses nomes é "Iggy Pop".